História
O concelho de Santo Tirso ocupa uma área de charneira entre o Grande Porto, o Vale do Ave e o Vale do Sousa, localizando-se maioritariamente na região do Douro Litoral e, de forma residual, na margem direita do Ave, onde se situam as freguesias de Sequeirô, Lama, Areias e Palmeira, na Região do Minho. É limitado a norte pelos concelhos de Vila Nova de Famalicão e Guimarães, a leste por Paços de Ferreira, a sul por Valongo e a oeste pelos concelhos da Trofa e Maia, abrangendo uma área de 132,6 Km2. O seu território administrativo, recentemente redefinido, conheceu ao longo da história diferentes limites geográficos. Se, por um lado, é correto admitir que o antigo couto do mosteiro beneditino constituiu a realidade geográfica e jurídico-administrativa que lhe deu origem, por outro, não será menos significativo constatar que foram várias as reformas legislativas que definiram os seus atuais limites. É no decreto n.º 66, de 28 de junho de 1833, que é mencionado pela primeira vez o concelho de Santo Tirso, precisamente com as mesmas freguesias e limites que tinha o couto do mosteiro – Santo Tirso, Santa Cristina do Couto, S. Miguel do Couto, parte de Burgães e Monte Córdova da Várzea ou de Baixo. No entanto, esta estrutura administrativa, que no país compreendia 816 concelhos, só se tornou efetiva em 1834 com a vitória das tropas liberais. Em 1839, integraram o concelho as freguesias de S. Miguel do Couto e Burgães, desanexadas do então concelho de S. Tomé de Negrelos que acabaria por ser extinto em 1855, passando todas as suas freguesias a integrar o concelho de Santo Tirso, com exceção de Penamaior que incorporou o concelho vizinho, Paços de Ferreira. Em 1879, por requerimento da população, a freguesia de S. Miguel das Aves foi desanexada do concelho de Vila Nova de Famalicão e passou a pertencer ao concelho de Santo Tirso. A alteração administrativa, datada de 19 de novembro de 1998, criou o concelho da Trofa a partir da desanexação de oito freguesias do concelho de Santo Tirso – Alvarelhos, S. Martinho de Bougado, Santiago de Bougado, S. Mamede do Coronado, S. Romão do Coronado, Covelas, Guidões e Muro –, definindo-se, a partir desse momento, a configuração do município de Santo Tirso com 24 freguesias que abrangiam parcialmente os vales dos rios Ave, Leça e Vizela. A última alteração administrativa, ocorrida em 28 de janeiro de 2013, reorganizou o território concelhio por agregação das freguesias configurando uma nova divisão administrativa que passou a incluir apenas catorze freguesias.
Do ponto de vista geográfico o território ocupa um lugar de transição entre a fachada atlântica e o interior mais acidentado e montanhoso, que conhece na Serra de Monte Córdova o seu primeiro registo orográfico digno de nota. Esta localização privilegiada influenciou determinantemente a sua geografia física e humana, quer pelas condições naturais, quer pela dinâmica social derivada dos frequentes contactos comerciais e interculturais documentados desde épocas remotas, favorecidos por uma rede de vias naturais de comunicação de natureza cruciforme, criado pela proximidade do mar e os principais rios da região, circunstância que constituiu um elemento matricial na definição da sua identidade histórica. A ocupação humana e as atividades artesanais conferiram à região uma personalidade particular, cujo facies rural, apesar de profundamente alterado pelo processo de industrialização, operado na região a partir de meados do séc. XIX, a sua paisagem ainda preserva.