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HELENA HOMEM DE MELO

DIA06ABR´21 ao DIA06JUN´21

Olho o mundo com vontade de o transformar.
Faço
do cinzento - cor,
do lixo - arte,
do ferro - poesia.
Mudo o rumo de objetos desperdiçados,
dou-lhes outra vida.
Este constante desassossego inebria-me
e
leva-me a construir a partir de coisa pouca.
Ora sou mar,
ora tempestade,
ora me faço de versos,
ora de palavras sem rima.
Não repito, não padronizo, não quero saber de estereótipos.
Sou como sou, faminta do desigual, do improviso, da experiência.
Só consigo ser
desta maneira,
só esta loucura de querer transformar a
alma e os sonhos em pedaços de ferro,
que junto carinhosamente,
como se com eles desenhasse,
como se com eles desmaterializasse.
Quem me conhece sabe da minha paixão pelo mundo,
pelas pessoas, pelos doentes, pela família.
Sabe e percebe,
que criar para mim é instintivo,
às vezes, até obsessivo e quase ilimitado.
Do ferro faço nascer presépios, seres humanos, animais ou
simplesmente qualquer coisa (…abstrato, quiçá).
No ferro renasço,
volto à infância,
ao mar, à savana e ao
ventre da minha mãe.
Se no dia da mãe de 1998, o meu marido não tivesse a feliz lembrança de
me oferecer, sem mais nem menos, uma máquina de soldar, elétrodos, luvas
e uma viseira, nunca teria experienciado criar com um material tão impróprio para uma mãe.
Ainda hoje lhe peço desculpa pela rejeição de uma prenda que me mudou
(no modo e na forma de estar e de viver).

Helena Homem de Melo

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