Passar para o Conteúdo Principal
menu
siga-nos
FacebookRSSadicionar aos favoritos

Pedro Cabrita Reis

PedroCabritaReis.jpgUtilizando materiais e métodos de trabalho próprios da construção civil, Cabrita Reis edificou uma pequena edificação, deixando à vista, sem qualquer revestimento, os ordinários tijolos que a constituem e que não permitem dúvidas em relação à natureza precária e à finalidade pseudo-utilitária da obra, que contrasta com o resto das esculturas situadas na área envolvente.

O tema, com fortes conotações vitruvianas, tem sido recorrente para alguns artistas, tanto da land art como da "arte pública", como elemento de rutura perante o classicismo latente que emerge em muitas obras pretensamente vanguardistas. A estatuária clássica baseava-se no caráter heroico das suas figuras e na nobreza dos seus materiais, que se traduziam na imortalidade das peças e na delicadeza dos seus acabamentos. A modernidade vanguardista pretendeu acabar com estes conceitos, embora nem sempre tenha conseguido. A obra que o escultor realizou em Santo Tirso evidencia essa dificuldade.

O autor é um artista versátil e surpreendente, que trabalha com diversos processos criativos, do desenho à instalação, passando pela pintura ou pela construção. Muitas das suas obras contêm materiais que adotam formas essenciais, como é o caso desta escultura, constituída por duas figuras prismáticas sobrepostas e de diferentes tamanhos.

Contrariamente às obras minimalistas, nas quais este tipo de figuras ficariam num plano irreferencial nesta, a insinuação do caixilho de uma porta (embora entaipada), e o breve alpendre confirmam o seu caráter de casebre ou cabana, isto é, mostram a natureza bastarda do construído que, aos olhos dos mais intransigentes, parecerá fora de contexto. Porém, é totalmente lícito e pertinente que, num simpósio de escultura pública, o artista se confronte com os problemas reais que a obra de arte atravessa nas suas relações com o público e com o meio urbano.
Partilhar
ColorAdd Icone