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José Barrias

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Como artista tem desenvolvido a escultura numa relação direta com o cinema. Na deriva contemporânea das artes, esquecidas das exigências do purismo minimalista e conceptual, a arte tem-se caracterizado precisamente por essa interferência enriquecedora das mais diversas «artes». Se já a fotografia como o vídeo têm vindo a desenvolver-se nas últimas décadas numa prodigiosa interferência com a escultura e a pintura clássica, a interação entre as outras artes não terá sido menos produtiva. A escultura relacionou-se com a música, com a arquitetura e com a dança, do mesmo modo que desenvolveu uma relação com o cinema de uma forma enriquecedora. Esculturas cinematográficas não são só aquelas que representam ou homenageiam determinadas personagens ou artistas do mundo do cinema, são sobretudo aquelas que desenvolvem uma linguagem cinematográfica. Contudo, a escultura, que desde Lessing se considera uma arte espacial, pode desenvolver o tempo narrativo, a emoção ou o suspense característicos do cinema, que é uma arte que se desdobra no tempo, mas que poderá resultar estranha. Barrias resolve este dilema suscitando na sua escultura o elemento misterioso. Por um lado, desenvolve as suas obras individuais como partes narrativas de um mesmo relato cinematográfico que se foi desdobrando no tempo, por outro, na própria construção das peças exerce uma contradição formal que gera uma espécie de tensão narrativa. Este terá sido certamente o processo utilizado na construção da sua peça.

A sua obra, ambiciosa a nível conceptual, em experiências e em recursos, desenvolve-se de um modo multifacetado e complexo, ambicioso e pleno de complexidade que, no entanto, contrasta com a delicadeza e a simplicidade da sua escultura aqui apresentada.

Curiosamente, a peça de Santo Tirso, intitulada "Diagonalmente correto", é a primeira escultura monumental não figurativa do artista. Com uma estrutura geométrica muito simples, desenvolvida a partir de uma figura retangular parcialmente enterrada e seccionada em duas partes por uma curva sinuosa, constitui uma peça elementar dotada de um movimento interior harmónico e de uma graciosidade surpreendente. O peso da estrutura contrasta, por um lado, com a leveza das formas e, por outro, com um divertido e otimista jogo de cores que fazem da sua escultura um espaço afável e agradável para a contemplação.
 
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